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quarta-feira, 9 de março de 2011

CARNAVAL CARIOCA


HISTÓRIA

Durante todo o período colonial as diversões que aconteciam na cidade do Rio de Janeiro durante o carnaval não diferiam daqueles presentes em outros centros urbanos brasileiros. Toda uma série de brincadeiras reunidas sob o termo Entrudo podiam ser encontradas nas ruas e nas casas senhoriais da cidade. No final do século XVIII, essas diversões consistiam basicamente no Após aIndependência do Brasil, a elite carioca decide se afastar do passado lusitano e incrementar a aproximação com as novas potências capitalistas. A cidade e a cultura parisienses serão os parâmetros a guiar as modas e modos a serem importados.

Os bailes

O carnaval da capital francesa será um dos elementos de influência, fazendo com que a folia do Rio de Janeiro rapidamente apresente bailes mascarados aos moldes parisienses.

Inicialmente promovidos ou incentivados pelas Sociedades Dançantes que existiam na cidade (como a Constante Polka, por exemplo) esses bailes acabariam por ser suplantados pelos bailes públicos, como o famoso baile público do Teatro São Januário promovido por Clara Delmastro.

















































































































Os passeios

O grande sucesso dos bailes acabaria por incentivar outras formas de diversão, como os passeios ou promenades aos moldes do então já quase extinto carnaval romano. A idéia de se deslocar para os bailes em carruagens abertas seduzia a burguesia, que via, aí, uma oportunidade de exibir suas ricas fantasias ao povo e "civilizar" o carnaval de feição 'entruda'.

O povo carioca assistia deslumbrado a esses cortejos sem, entretanto, se furtar a saudar com seus limões de cheiro os elegantes mascarados. A tensão decorrente desse embate carnavalesco faria com que a elite procurasse organizar cada vez mais seus passeios através da reunião de uma grande número de carruagens e da presença ostensiva de policiamento incorporado aos desfiles.


As sociedades carnavalescas

Aos poucos essas promenades acabariam por adquirir uma certa independência em relação aos bailes até que, em 1855, um grupo de cidadãos notáveis organizaria aquele que ficou conhecido como o primeiro passeio de uma sociedade carnavalesca por uma cidade brasileira: o desfile do Congresso das Sumidades Carnavalescas.

O sucesso desse evento abriria as portas para o surgimento de dezenas de sociedades carnavalescas que, em poucos anos, já disputariam entre si o exíguo espaço do centro da cidade durante os dias de carnaval.

O carnaval das ruas

Entretanto, o fabuloso carnaval proposto pela burguesia não reinaria sozinho nas ruas do Rio de Janeiro. Paralelamente ao movimento de implantação de uma festa civilizada, outras diversões tomavam forma na cidade. O entrudo, com sua alegria desorganizada e espontânea não era a única diversão carnavalesca popular. Muitos grupos negros de Congadas (ou Congos) e Cucumbisaproveitavam-se da relativa liberalidade reinante para conseguir autorização policial para se apresentarem. Além disso, outros grupos, reunindo a população carente de negros libertos e pequenos comerciantes portugueses (mais tarde conhecidos como Zé Pereiras), sentiram-se incentivados a passear pelas ruas.

O carnaval carioca

A mistura desses diferentes grupos acabaria por forçar uma espécie de diálogo entre eles. Em pouco tempo as influências mútuas se fazem notar através da adoção pelo carnaval popular, das fantasias e da organização características da folia burguesa. As sociedades carnavalescas por sua vez, passaram a incorporar boa parte dos ritmos e sonoridades típicos das brincadeiras populares.


O resultado de tudo isso é que as ruas do Rio de Janeiro veriam surgir toda uma variedade de grupos, representando todos os tipos de interinfluências possíveis. É essa multiplicidade de formas carnavalescas, essa liberdade organizacional dos grupos que faria surgir uma identidade própria ao carnaval carioca. Uma identidade forjada nas ruas, entre diálogos e tensões.

O carnaval popular

Essa forma de classificação perduraria até os anos 1930, quando o prefeito/interventor do Rio de Janeiro, Pedro Ernesto, oficializaria a festa carioca. A partir daí, os concursos promovidos pelos jornais, os textos jornalísticos publicados na imprensa e as obras dos primeiros folcloristas acabariam por separar as brincadeiras populares em categorias estanques, cada qual com uma história e um formato próprios, tais como blocos, ranchos, cordões, Zé Pereiras,corso e sociedades. Coroando esse movimento é publicado, em 1958 o livro História do carnaval carioca, da pesquisadora Eneida de Moraes que estabelece o texto fundador da folia carioca, e, por extensão, brasileira.

As escolas de samba


No final dos anos 1920 o Brasil buscava criar uma identidade capaz de diferenciá-lo dentro da nova ordem mundial estabelecida após a Primeira Grande Guerra. O conceito de negritude se destacava mundialmente valorizando as produções culturais negras como a Arte africana e o jazz. A festa carnavalesca e o novo ritmo de base negra recém surgido, o samba, seriam as bases para a formulação de um sentido de brasilidade. A valorização do samba e da negritude acabariam aumentando o interesse da intelectualidade nos novos "grupos de samba" que surgiam nos morros cariocas. Esse grupos passaria a se apresentar "no asfalto", ou seja, longe dos guetos dos morros, sendo chamados de escolas de samba.

Tratados, inicialmente, como uma espécie de curiosidade "folclórica", esses grupos foram, pouco a pouco, cativando a sociedade carioca com seu ritmo marcado, com a sonoridade inesperada de suas cabrochas e com os temas populares de suas letras.

Mantidas por décadas como elementos secundário da folia carnavalesca carioca, as escolas de samba adquiririam grande proeminência a partir da década de 1950, com a incorporação da classe média aos desfiles, consequência da aproximação entre as escolas e intelectuais de esquerda. A partir daí elas galgariam os degraus do sucesso até se tornarem o grande evento carnavalesco nacional.





CAMPEÃS

AnoEscola campeãEnredoCarnavalesco
1932MangueiraSorrindo
1933MangueiraUma Segunda-feira no Bonfim da Bahia
1934Mangueira[1]República da Orgia[2]
Recreio de Ramos
1935Vai Como Pode (Atual Portela)O samba dominando o mundoAntônio Caetano
1936Unidos da TijucaSonhos delirantes
1937Vizinha FaladeiraA Origem do Samba
1938Houve desfile mas a apuração não foi realizada
1939PortelaTeste ao SambaPaulo da Portela
1940MangueiraPrantos, Pretos e Poetas
1941PortelaDez Anos de GlóriaPaulo da Portela e Lino Manoel dos Reis
1942PortelaA Vida do SambaLino Manoel dos Reis
1943PortelaBrasil, Terra da LiberdadeLiga de Defesa Nacional
1944PortelaMotivos PatrióticosLiga de Defesa Nacional
1945PortelaBrasil GloriosoLiga de Defesa Nacional
1946PortelaAlvorada do Novo MundoLino Manoel dos Reis
1947PortelaHonra ao MéritoEuzébio e Lino Manoel dos Reis
1948Império SerranoAntônio Castro Alves
1949Império Serrano (pela FBES)Exaltação à Tiradentes
Mangueira (pela UGESB)Apologia ao Mestre
1950Império Serrano (pela FBES)Batalha Naval do Riachuelo
Mangueira (pela UCES)Plano SALTE - Saúde, Alimentação, Transporte e Energia
Prazer da Serrinha (pela UGESB)
Unidos da Capela (pela UGESB)
1951Império Serrano (pela FBES)Sessenta e Um Anos de República
Portela (pela UGESB)A Volta do Filho PródigoLino Manoel dos Reis
1952Houve desfile mas a apuração não foi realizada
1953PortelaAs Seis Datas MagnasLino Manoel dos Reis
1954MangueiraRio de Janeiro de Ontem e Hoje
1955Império SerranoExaltação a Duque de Caxias
1956Império SerranoO Caçador de Esmeraldas
1957PortelaLegados de D. João VIDjalma Vogue, Candeia e Joacir
1958PortelaVultos e Efemérides do BrasilDjalma Vogue
1959PortelaBrasil, Panteon de GlóriasDjalma Vogue
1960[3]PortelaRio, a Capital EternaDjalma Vogue
MangueiraGlória ao Samba
SalgueiroQuilombo dos PalmaresFernando Pamplona
Unidos da CapelaProdutos e Costumes da Nossa Terra
Império SerranoMedalhas e Brasões
1961MangueiraRecordações do Rio Antigo
1962PortelaRugendas: Viagens pitorescas através do BrasilNelson de Andrade
1963SalgueiroChica da SilvaArlindo Rodrigues
1964PortelaO Segundo Casamento de D. Pedro INelson de Andrade
1965SalgueiroHistória do Carnaval CariocaFernando Pamplona
1966PortelaMemórias de um Sargento de MilíciasNelson de Andrade
1967MangueiraO mundo encantado de Monteiro Lobato
1968MangueiraSamba, festa de um povo
1969SalgueiroBahia de Todos os DeusesFernando Pamplona
1970PortelaLendas e Mistérios da AmazôniaClóvis Bornay
1971SalgueiroFesta Para um Rei NegroFernando Pamplona
1972Império SerranoAlô, alô, taí Carmem MirandaFernando Pinto
1973MangueiraLendas do AbaetéJúlio Mattos
1974SalgueiroO Rei de França na Ilha da AssombraçãoJoãosinho Trinta
1975SalgueiroO Segredo das Minas do Rei SalomãoJoãosinho Trinta
1976Beija-FlorSonhar com Rei dá LeãoJoãosinho Trinta
1977Beija-FlorVovó e o Rei da Saturnália na Corte EgípcianaJoãosinho Trinta
1978Beija-FlorA criação do mundo na tradição nagôJoãosinho Trinta
1979MocidadeO Descobrimento do BrasilArlindo Rodrigues
1980ImperatrizO que que a Bahia tem?Arlindo Rodrigues
Beija-FlorO Sol da Meia-noite, uma viagem ao país das maravilhasJoãosinho Trinta
PortelaHoje tem Marmelada!Viriato Ferreira
1981ImperatrizO teu cabelo não nega (Só dá Lalá)Arlindo Rodrigues
1982Império SerranoBum Bum Paticumbum PrugurundumRosa Magalhães e Lícia Lacerda
1983Beija-FlorA grande constelação das estrelas negrasJoãosinho Trinta
1984Mangueira[4]Yes, nós temos BraguinhaMax Lopes
PortelaContos de AreiaEdmundo Braga e Paulio Espírito Santo
1985MocidadeZiriguidum 2001 - Carnaval nas estrelasFernando Pinto
1986MangueiraCaymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têmJúlio Mattos
1987MangueiraO Reino das Palavras, Carlos Drummond de AndradeJúlio Mattos
1988Vila IsabelKizomba, a festa da raçaComissão de Carnaval[5]
1989ImperatrizLiberdade, liberdade, abre as asas sobre nós!Max Lopes
1990MocidadeVira, virou, a Mocidade chegouRenato Lage e Lilian Rabelo
1991MocidadeChue... Chuá... As águas vão rolarRenato Lage e Lilian Rabelo
1992Estácio de SáPaulicéia Desvairada - 70 anos de ModernismoMário Monteiro e Chico Spinoza
1993SalgueiroPeguei um Ita no NorteMário Borrielo
1994ImperatrizCatarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e dos TabajéresRosa Magalhães
1995ImperatrizMais vale um jegue que me carregue que um camelo que me derrube, lá no CearáRosa Magalhães
1996MocidadeCriador e CriaturaRenato Lage
1997ViradouroTrevas! Luz! A explosão do UniversoJoãosinho Trinta
1998MangueiraChico Buarque da MangueiraAlexandre Louzada
Beija-FlorPará – O mundo místico dos Caruanas nas águas do Patu-anuComissão de Carnaval[6]
1999ImperatrizBrasil, mostra a tua cara em 'Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae'Rosa Magalhães
2000ImperatrizQuem descobriu o Brasil foi Seu Cabral do dia 22 de abril, dois meses depois do CarnavalRosa Magalhães
2001ImperatrizCana caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, Pernambuco, quero vê descê o suco na pancada do ganzáRosa Magalhães
2002MangueiraBrasil com z é pra cabra da peste, Brasil com s é Nação do NordesteMax Lopes
2003Beija-FlorO povo conta a sua história: Saco vazio não para em pé – A mão que faz a guerra, faz a pazComissão de Carnaval[7]
2004Beija-FlorManôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa... Que alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a pazComissão de Carnaval[7]
2005Beija-FlorO vento corta as terras dos Pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Guarani. Sete povos na fé e na dor... Sete missões de amorComissão de Carnaval[7]
2006Vila IsabelSoy loco por ti, América - A Vila canta a latinidadeAlexandre Louzada
2007Beija-FlorÁfricas: do Berço Real à Corte BrasilianaComissão de Carnaval[8]
2008Beija-FlorMacapabá: Equinócio Solar, Viagens Fantásticas no Meio do MundoComissão de Carnaval
2009SalgueiroTamborRenato Lage
2010Unidos da TijucaÉ segredo!Paulo Barros
2011Beija-FlorA Simplicidade de Um ReiComissão de Carnaval


Numero de títulos de cada escola

TotalAgremiaçãoAnos
21Portela1935 1939 1941 1942 1943 1944 1945 1946 1947 1951 1953 1957 1958 1959 1960 1962 1964 1966 1970 19801984
17Mangueira1932 1933 1934 1940 1949 1950 1954 1960 1961 1967 1968 1973 1984 1986 1987 1998 2002
13Beija-Flor1954 1976 1977 1978 1980 1983 1998 2003 2004 2005 2007 2008 2011
9Império Serrano1948 1949 1950 1951 1955 1956 1960 1972 1982
Salgueiro1960 1963 1965 1969 1971 1974 1975 1993 2009
8Imperatriz1980 1981 1989 1994 1995 1999 2000 2001
5Mocidade1979 1985 1990 1991 1996
2Unidos da Tijuca1936 2010
Unidos da Capela1950 1960
Vila Isabel1988 2006
1Prazer da Serrinha1950
Recreio de Ramos1934
Vizinha Faladeira1937
Estácio1992
Viradouro1997


Campeãs Pós-Sambódromo

TotalAgremiaçãoAnos
7Beija-Flor1998, 2003, 2004, 2005, 2007 , 2008 e 2011
6Imperatriz Leopoldinense1989, 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001
5Mangueira1984, 1986, 1987, 1998 e 2002
4Mocidade1985, 1990, 1991 e 1996
2Salgueiro1993 e 2009
Vila Isabel1988 e 2006
1Portela1984
Unidos da Tijuca2010
Viradouro1997
Estácio de Sá1992

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