Quando
pensei em escrever uma carta, minha vontade inicial era a de me dirigir aos dirigentes,
as autoridades institucionalizadas desse Município, desse Estado e até mesmo do
meu País. Conheço na pele as dificuldades desse “torrão”, assim como os
sentimentos que cada um trazem consigo. Mas resolvi pedir aos jovens
quiterienses, esses que são o futuro dessa cidade.
Há
muitos sentimentos, sensações e pensamentos envoltos em todo esse emaranhado de
“teias sociais” do fazer quiteriense e, mais especificamente, a INsegurança.
Todos sabemos o quanto a instabilidade social, a vulnerabilidade está presente
no nosso dia-a-dia e do poder que ela tem. Através disso, muitas vidas são
transformadas diariamente e continuamente. Associamos a violência a diversos
fatores; a falta de família, a falta de um olhar certo na hora certa, a falta
de oportunidades, a falta de políticas públicas e muitas das vezes a falta de
não querer mesmo. É preciso falar de forma objetiva, aberta e sem rodeios. É
preciso falar diretamente a todas as pessoas. Aos jovens, ao adulto, ao idoso. A
quem quiser ouvir. A quem possa interessar. Que a violência não levará a nada,
a nenhum lugar promissor.
Tenho visto muitos dos meus conterrâneos se manifestarem com
grande tristeza sobre a situação que os rodeia. Vi muitos deles desistirem de sua
terra por conta da violência e desistirem da própria vida ao se entregarem a
essa situação de submissão e apego aquilo que não lhe faz bem. Penso em demasia
nessas coisas quando vejo nos olhos dos pais, amigos e até mesmo dos próprios
jovens, não o brilho dos sonhos juvenis mais o fosco da desilusão quando entram
no mundo perdido da violência desenfreada! O que dizer a eles? Digo sempre a
verdade. Digo que VIDA é uma dádiva de Deus e que devemos sempre respeitar; Eu
acho que VIVER não é uma competição. Já dizia um grande compositor que
competições são para cavalos(...). Digo que muitos vão sofrer (e muito). Digo ainda
que não irão viver o suficiente para sentirem o sabor dos seus frutos
plantados.
Há muitas coisas que precisam ser ditas. E tantas outras que
merecem muito mais atenção e reflexão do que nos fazem acreditar. Nós, partilhamos
a responsabilidade de cuidar cada um do seu reduto, do “seu mundo”. Nossa
família é a base de qualquer mundo, é na família que os nossos filhos aprendem
a boa conduta, ou a má; a responsabilidade ou a irresponsabilidade; a
honestidade ou a desonestidade, aprendem a ser cidadão ou não. Nesse sentido é
preciso que fique bem claro que o respeito é a base de qualquer relação. Uma
relação sobrevive sem amor, ainda que sem sabor, mas não sobrevive sem
respeito. E o respeito próprio, o auto respeito, é o ponto de partida. Para o
respeito mútuo e coletivo. Devemos nos posicionar sobre o que muitas vezes falamos,
mas não demonstramos através de atitudes.
Jovens
amigos, não deixem que usem contra vocês a fraqueza de possuírem aquilo que não
tiveram condições de lhes darem. Não se deixem conduzir a situações desrespeitosas
que depois lhes proporcionem prejuízos; Não deixem que digam qual o seu valor.
Valor e preço são coisas distintas. Reconheçam seu valor e vá em busca do seu
sucesso de forma digna e correta; Aprendam a dizer “não” quando não houver
dignidade envolvida.
A
verdade é que enquanto brigamos uns com os outros nos tornamos menos “Nós” para
vivermos o outro. Jovens, respeitem a si mesmos e valorizem seus colegas. Envolvam-se
com a comunidade. Sejam politizados. Unam-se. Permitam-se desanimar com as
desigualdades sociais, as injustiças sociais, o vazio de políticas voltadas
para vocês jovens, falem e conversem entre si, mas sejam coerentes. Aprendam a
se comunicar, a diferenciar o que é bom e o que é ruim. Sejam menos passivas.
Não aplaudam tudo de pé. Não aplaudam quando não gostarem. Digam o que pensam
com verdade. Não aceitem o que tentam nos impor através do senso comum ou
mediante repetição. Se valha do clichê “seja a mudança que você quer ver no
mundo”, ao invés de “não adianta tentar”.
Que
possamos refletir um pouco nesse poema escrito por esse poeta brasileiro Paulo Leminski: “Nesta
vida, pode-se aprender três coisas de uma criança: estar sempre alegre, nunca
ficar inativo e chorar com força por tudo o que se quer.”
Por:
João Abílio
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